A época em que vivemos é a era do ganho. Nossa sociedade é
capitalista, materialista, consumista e existencialista. Se você não entende
algum desses conceitos, basta compreender o que está no centro de todas essas
filosofias de vida: o eu. O meu. O que posso ganhar. O lucro pessoal. O
benefício próprio. Os nossos tempos estimulam um individualismo exacerbado, que
nos arrasta como um carro de Fórmula 1 pelas ruas pedregosas da vida. Acabamos
destroçados pela necessidade de ganhar, ganhar, ganhar. Só seremos vistos como
pessoas bem-sucedidas se ganharmos muito dinheiro, ganharmos o coração do
menino mais cobiçado, ganharmos um cargo de destaque na igreja, ganharmos uma
cobiçada vaga de emprego, ganharmos status, ganharmos títulos, ganharmos
celebridade, ganhar, ganhar, ganhar! Somos levados pelo mundo ao nosso redor a
crer que a vida é uma grande competição, em que ganhar diariamente (seja lá o
que for) é a grande razão de estarmos sobre a terra. Mas não é isso o que a
Bíblia nos ensina.
É fácil reparar como essa forma de ver a vida invadiu a igreja e
tomou conta de nós, do mesmo modo que um câncer se espalha silenciosamente por
nossos organismo. A maior prova disso é que nossa caminhada de fé tornou-se
permeada pelo conceito de vitória. E só tem vitória quem triunfa, vence…
ganha. “A vitória é tua!”, dizemos aos irmãos. “Deus, nos dê a vitória!”,
oramos. “Faça tal campanha na igreja e Deus te dará a vitória!”, mentimos.
Falamos mais a palavra “vitória” em nossas orações e nos cultos do que “Jesus”.
Parece que, para muitos de nós, uma vida sem “vitória” é uma vida sem fé, sem
bênção, sem a presença do Senhor. Em outras palavras, cremos que, se não
ganhamos diariamente, nossa espiritualidade é mirrada, raquítica.
Para cumprir a vontade de Deus, Abraão perdeu a terra Natal e a
parentela; Jó perdeu tudo o que tinha; Moisés perdeu a pacata vida de pastor;
Jeremias perdeu a paz; Noé perdeu o respeito dos vizinhos; Paulo perdeu tudo
aquilo em que cria; João perdeu a liberdade; Raabe perdeu sua cidade; Jesus
perdeu a própria vida. A lista de personagens da Bíblia que perderam muito
nesta vida é gigantesca. Mas, na gramática de Deus, perder por amor a ele é
ganhar para a vida eterna.
“Mulheres receberam, pela ressurreição, os seus mortos. Alguns
foram torturados, não aceitando seu resgate, para obterem superior
ressurreição; outros, por sua vez, passaram pela prova de escárnios e açoites,
sim, até de algemas e prisões. Foram apedrejados, provados, serrados pelo meio,
mortos a fio de espada; andaram peregrinos, vestidos de peles de ovelhas e de
cabras, necessitados, afligidos, maltratados (homens dos quais o mundo não era
digno), errantes pelos desertos, pelos montes, pelas covas, pelos antros da
terra. Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por sua fé não obtiveram,
contudo, a concretização da promessa, por haver Deus provido coisa superior a
nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados” (Hb 11.35-40).
Essa parece uma lista de “vitoriosos”? Ou parece mais a descrição
de gente que sofreu perdas enormes? Tenha a certeza de que foram perdas que
resultaram num ganho muito superior – por ser um ganho eterno e não terreno. É
impossível viver para Deus sem perder para si.
“Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida
neste mundo preservá-la-á para a vida eterna” (Jo 12.25), disse Jesus. Ele
afirmou, ainda: “Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a
vida por minha causa achá-la-á” (Mt 10.39).
E, nesta era em que somos instigados a ganhar o mundo inteiro,
precisamos ouvir as palavras do Mestre a seus discípulos:
“Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz
e siga-me. Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a
vida por minha causa achá-la-á. Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo
inteiro e perder a sua alma?” (Mt 16.25-26).
Se não temos de ganhar o mundo inteiro, o que, afinal, precisamos
ganhar? Paulo responde:
“O que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa
de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do
conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as
coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo” (Fp 3.7-8).
Cristo. Eis o que precisamos ganhar. Pois, como disse Paulo, “para
mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fp 1.21). São o Rei, seu reino e
sua justiça que devemos buscar antes de tudo mais, sabendo que, assim, tudo
mais nos será acrescentado.
E como se ganha Cristo?
Perdendo. Abrindo mão de si. Perco prazeres terrenos a fim de
ganhar Cristo. Perco oportunidades, porém fraudulentas, a fim de ganhar Cristo.
Perco o casamento com aquele partidão que não é cristão a fim de ganhar Cristo.
Perco aquele negócio da China, mas que exigiria liberação de propina, a fim de
ganhar Cristo. Perco a fama e deixo outros brilharem a fim de ganhar Cristo.
Perco dinheiro justo que eu deveria receber, para não escandalizar a igreja, a
fim de ganhar Cristo. Perco respeito de quem considera minha fé uma fábula e
minhas crenças, fanatismo, a fim de ganhar Cristo. Perco a vingança e dou a
outra face a fim de ganhar Cristo. Perco o emprego em que teria de me
corromper, a fim de ganhar Cristo. Perco o que desejo a fim de ganhar Cristo.
Perco minha felicidade a fim de ganhar Cristo. Perder, perder, perder.
Mas o que ganhamos por essa perda, acredite, vale a pena. O que
você está disposto a perder a fim de ganhar Cristo? É a resposta a essa
pergunta que vai determinar quem vem em primeiro lugar na sua vida. Será você
mesmo? Ou Jesus? Suas ações responderão. E Deus estará bem atento a elas.
Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício
Fonte: https://apenas1.wordpress.com/2014/03/17/o-que-voce-esta-disposto-a-perder-por-amor-a-cristo/
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça nossa equipe feliz! Deixe seu comentário! Paz!